Medellín, a segunda maior cidade da Colômbia, está no departamento de Antioquia, abrigando uma população de mais de 2,5 milhões de habitantes. Foi fundada oficialmente em 1675 e ao longo dos séculos se tornou um centro econômico e cultural crucial no país. A cidade experimentou um rápido desenvolvimento industrial durante o século XX, embora tenha enfrentado desafios significativos durante a era do narcotráfico nas décadas de 1970 e 1980. Nas últimas décadas, Medellín passou por uma notável transformação urbana e social, focando em projetos inovadores para melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes e promover a inclusão social.
A escolha para uma microtrip em Medellín foi simples: precisávamos de um local perto de casa e com várias opções de voo. Tínhamos outras opções mas a Colômbia e o povo colombiano são encantadores. Desde minha primeira experiencia por lá em Cartagena (clique aqui para ver o post sobre a cidade) eu já tinha amado essa terra. O atendimento, a atenção e a comida colombiana… tudo maravilhoso. Por esse motivo, foi escolhida como o destino da vez.
Data da viagem: Novembro de 2023
Temperatura | Moeda | Língua |
15 a 28ºC | Peso Colombiano COP | Espanhol |
TRANSPORTE
Medellín é uma cidade grande, espalhada e muito acidentada – tem morros para todos os lados. O transporte público é bem variado, de teleférico a metro é possível se locomover por lá. Mas a opção que mais chama atenção é realmente Uber ou Taxi. As corridas tem um valor bem econômico se comparado a várias outras cidades, além de que andar a pé pode ser um pouco desafiador.
Eles não tem o costume de ceder para os pedestres mesmo atravessando na faixa, as calçadas são bem irregulares. E atualmente a cidade está com uma quantidade considerável de moradores de rua o que gera uma sensação de insegurança.
Falando em segurança…
Sendo honesta, não é uma cidade que inspira segurança pública. Apesar dos pontos turísticos serem muito policiados (até demais) particularmente tive um pouco de medo ao andar na rua a pé. Temos que levar em conta que é uma cidade grande. Os bairros mais nobres e turísticos como El Poblado tem regiões inteiras de ruas fechadas com alambrados e uma barreira policial, o que te fazer sentir seguro dentro do cercadinho. Mas fora do cercadinho policial da Plaza Botero, por exemplo, me deu a sensação de perigo – apesar de eu não ter presenciado absolutamente nada nem ter sido roubada – estou falando de sensação. E por causa dessa sensação, deixamos de usar o transporte público. Tem também bastante gente que aborda os turistas pedindo dinheiro por todo lado na cidade e uma quantidade desmedida de moradores de rua.
ONDE SE HOSPEDAR
Antes de embarcar li alguns reviews sobre se hospedar em duas regiões El Poblado ou Laureles. Realmente, são as duas melhores opções de bairros para turistas. A ampla gama de restaurantes e bares tornam essas regiões bem atrativas.
El Poblado
Essa foi a região que escolhi me hospedar. A oferta de hotéis boutique, restaurantes e bares na região é enorme. Apesar de ser um pouco agitado, como fui durante a semana o barulho das festas e dos bares não incomodou. Alguns comentários do hotel falavam sobre o ruido na região, mas isso não foi um problema. A região é ótima para quem quer conhecer a gastronomia e vida noturna do local. Mas é quase que exclusivamente turística. Aqui você não vai ter uma imersão colombiana de como é viver em Medellin.
Laureles
A região de Laureles já um pouco mais sofisticada e bem mais residencial. Ao passear pela região vemos o desenrolar do dia a dia do colombiano. Vários locais em cafés e restaurantes trabalhando com seus notebooks. As ruas bem arborizadas (na verdade, achei toda a cidade bem arborizada), calçadas mais regulares, avenidas largas. Os restaurantes são caros e sofisticados, tem bastante oferta de bons restaurantes. Achei que a região é mais tranquila no sentido de ser menos turística e mais local e ter menos festas e mais dia a dia.
RESTAURANTES
Gosto que a culinária colombiana não é muito diferente do Brasil ou eu que já estou bastante acostumada com ela? Em Medellin o prato tipo é a Bandeja Paisa composta por feijão de caldo, arroz, morcilla, linguiça, carne moída, ovo frito, arepa, torresmo, tomate picado com cebola, banana frita e abacate.
Provamos várias entradas com chicharrón (mais conhecido como torresmo mesmo! rs) e arepas. Mas vou ser bem sincera que ultimamente temos preferidos a ir em restaurantes de culinária internacional. De toda forma, comemos super bem na Colômbia. A comida é maravilhosa e super bem feita.
Em cada uma das três manhas que passamos escolhemos cafeterias com várias opções de brunch. O melhor é que elas abriam por volta das 7:30 da manhã (isso foi ótimo pois já saíamos cedo com café tomado para fazer as atividades do dia). Recomendo todos eles.
- Cocina la Maga
Esse café fica em El Poblado. Tem a decoração super charmosa. Aqui pedimos dois pratos que estavam maravilhosos. O avocado toast no estilo da casa que estava super bem servido. E pra mim, o melhor, de uma brasileira que não mora no Brasil: um waffle com massa de mandioca. O prato é simplesmente um waffle de pão de queijo. Incrível.
- Café Velvet
É uma cafeteria um pouco mais simples com relação aos pratos servidos. Mas tem bows de frutas bem ricos, sem contar que a localização do local ajuda muito! Enquanto vários cafés ao lado começam a abrir um pouco mais tarde, essa é uma opção para tomar um bom café mais cedo.
- Azul Selva
Esse café fica na entrada do hotel Constantino. Pedimos Pan de Yuca (mais conhecido como um pão de queijo sem ser feito por brasileiro… sim, eu tô com saudades de pão de queijo), pedi um bolo de banana que estava uma delícia para tomar um capuccino. E avocado toast com ovos mexidos. A apresentação dos pratos, o sabor, tudo ótimo.
- Hacienda
Na região próximo a Praça Botero almoçamos no restaurante Hacienda, que foi um verdadeiro achado. O restaurante fica num terraço em uma rua só para pedestres no centro da cidade. A região é muito movimentada. O restaurante é uma gracinha, a decoração toda voltada para costumes da “roça”. Chapéus de palha fazem parte da estética nas paredes, há uma fonte no meio do salão com folhagens. É tudo bem bonitinho. Aqui pedimos a sopa da casa que estava ótima e vários petiscos locais para experimentar.
- La Causa Laureles
O almoço do segundo dia foi no bairro Laureles. Esse restaurante estava realmente cheio. É um restaurante de comida japonesa e alguns pratos de comida internacional com toques colombianos. O local é agradável e bonito.
- La Matriarca
Esse restaurante foi uma recomendação do nosso primeiro motorista de Uber. E é realmente imperdível. Segundo ele, na região do Poblado é a melhor Bandeja Paisa. E apesar de não ter provado muitas na vida, esse foi a melhor. Está localizado perto da zona turística próximo ao “Parque El Poblado”. O restaurante é ponto de encontro de locais, famílias, confraternizações. A decoração é bem bonita e apesar de enorme, o atendimento é eficiente. No dia que fomos tinha show ao vivo com uma banda super animada. A comida é muito bem servida.
- Posada Leon
Está na zona badaladinha de Provenza dentro do Poblado. A rua no local é muito, muito cheia. Tem turistas e locais, happy hour e baladas até a madrugada. Esse restaurante especificamente, escolhemos por achar o com o som mais baixo da rua toda – e mesmo assim estava alto. Pedimos empanadas (que eram nossos pasteis, estava bem brazilian style) e outras entradinhas que estavam deliciosas.
O incrível nesses lugares é que não importava o quão cheio estava o restaurante. O atendimento era ótimo, não veio nenhum pedido errado, a comida era deliciosa e muito rápida. Alguns desses restaurantes estavam lotados, eu já disse isso? Pois repito!
MEU ROTEIRO | 3 dias em Medellín
- DIA 1
Museu casa de a memoria
Foi muito bom ter começado os passeios por esse museu e isso foi proposital. A ideia era ter uma visão ampla de como se formou Medellín, quais pessoas começaram a cidade, porque ela se formou ali e como foram os episódios de violência que ela sofreu e pelos quais se tornou conhecida.
Plaza Botero e Palácio de La cultura
Aquele tipo de passeio que todo turista tem que fazer. Ir na praça mais famosa da cidade. É um grande museu de esculturas a céu aberto. Varias obras espalhadas pela praça do renomado Fernando Botero. O Palácio é um show a parte. É realmente bem bonito. Seu interior tem algumas exposições e mobiliários antigos.
- DIA 2
Jardim botânico
Fundado em 1972, o jardim abrange cerca de 14 hectares e apresenta uma ampla variedade de plantas tropicais, árvores nativas e jardins temáticos. O mais legal é o Orquideorama, uma estrutura arquitetônica única que abriga exposições de orquídeas, proporcionando aos visitantes uma experiência imersiva na biodiversidade local. Além disso, o jardim oferece espaços educacionais, trilhas para caminhadas, e programas interativos para promover a conscientização ambiental.
Parque Explora e Planetário
Ouso dizer que esse foi o museu interativo mais legal que já fui na vida. É um museu de ciências, artes e curiosidades. Vale a pena comprar o pacote completo e ir na apresentação do planetário (essa é com hora marcada). Dentro do museu tem também um aquário.
Pueblito Paisa (Cerro Nutibara)
Sinceramente, não aproveitamos direito esse lugar. Eu não fazia ideia do que era e fomos só porque estava nas listas de coisas a fazer em Medellín.
Mas basicamente é um local que recria uma típica vila colombiana e oferece aos visitantes uma visão do estilo de vida tradicional do povo antioqueño, foi construído em 1978. Tem réplicas de casas, uma igreja, uma praça e outros edifícios que refletem a arquitetura e o ambiente de uma típica vila colombiana.
Várias lojinhas, restaurantes e café no local (um pouco super faturados). Também tem um Museu e uma vista incrível da cidade. Para chegar lá o ideal é ir de carro, visto que é uma subida. O local é super turístico e tem estrutura. Se você for mais aventureiro, pode escolher fazer as trilhas do Cerro Nutibara até chegar aos miradores do Pueblito.
Comuna 13
Esse é definitivamente o melhor passeio da cidade. O que mais amo em viajar é a possibilidade de conhecer a cultura, o povo, a língua, a história. E no final das contas, descobrir que somos todos iguais. A história da Comuna 13 é riquíssima em violência, só que mais do que isso… em superação. O passeio pela Comuna pode ser feito de forma livre. Mas eu recomendo fortemente que você escolha um guia que nasceu no local para explicar sua versão da história e de como as famílias da comunidade foram e são afetadas até hoje pela violência que ocorreu no passado. O local, hoje, é bastante turístico. Tem bares, restaurantes e várias lojas de souvenirs. Eles já estão acostumados a receber turistas pois o comércio vem daí, pessoas de fora da comunidade que querem conhecer sua história e suas batalhas. Além de disso, o local virou um museu de arte de rua a céu aberto. Há vários murais espalhados pela comunidade que foram pintados por artistas locais. Seus simbolos mais marcantes são as escadarias pintadas de forma colorida com frases e suas escadas rolantes (que foram obra do governo para levar mais qualidade de vida para as pessoas da comunidade).
Um recorte rápido sobre a história…
A Comuna 13 começou a se formar nas encostas das colinas de Medellín por causa do rápido crescimento populacional e do influxo de pessoas em busca de oportunidades de trabalho nas áreas urbanas. Como uma invasão e sem apoio do estado. Por não ser “governada pelo estado” nas 1980 e 1990 a área foi afetada pelo conflito armado colombiano, com a presença de grupos guerrilheiros, paramilitares e narcotraficantes. A partir dos anos 2000, Medellín iniciou um processo de transformação urbana e social, com a Comuna 13 se tornando um foco significativo desses esforços. Investimentos em infraestrutura, transporte, educação e programas sociais visavam melhorar as condições de vida na comunidade. Uma das intervenções mais notáveis foi a construção de escadas rolantes ao ar livre, conhecidas como “Escaleras Eléctricas”, que facilitaram o acesso aos moradores das partes mais altas da comunidade, antes isoladas devido à topografia íngreme. A Comuna 13 também se tornou um ponto focal para iniciativas culturais e artísticas. Grafites coloridos e murais foram criados para contar a história da comunidade e destacar a resiliência dos seus habitantes.
- DIA 3
Museu e Jardim El Castillo
Esse local é um museu privado com tours guiados por dentro do castelo contando a história da família que habitou o local. É um passeio imperdível para quem gosta de arquitetura, arte, mobiliário, design de interiores, paisagismo e música.
Vale a pena gastar uma tarde por aqui. A propriedade conta com um amplo jardim de paisagismo impecável. No fundo tem uma escola de artes, uma escola de música e uma cafeteria. É muito gostoso.
A história da família que morou no castelo é fascinante. O mobiliário, adornos, tapetes, estão muito bem conservados. Tem um grande acervo de pinturas originais e réplicas. Além de ter um ar de te fazer voltar no tempo e andar pelo espaço como se você tivesse nessa época.
Terminei de escrever e vi que sequer citei algo muito emblemático na história de Medellín: o cartel e Pablo Escobar. Apesar da cidade ter tido notoriedade pela história do narcotráfico e etc., não fomos atrás de nenhum museu (apesar de existir na cidade) ou qualquer informação que tivesse relação com o essa parte da história ou exclusivamente sobre ele.
Medellín foi uma boa surpresa! O passeio realmente mostrou um lado da Colômbia que é muito similar ao Brasil. Me relembrou o quanto amo o povo desse país e como é bom ser tratado bem em uma viagem como turista. Como sempre, vou deixar a minha lista de pins no Google Maps com todos esses lugares e outros que não tive tempo para ir, mas gostaria. Você já foi em Medellín, o que achou?
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